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George Gordon Byron

George Gordon Byron

Jorge Gordon Byron - George Gordon Byron

Poeta inglês. Nasceu em 22-01-1788, em Londres, e morreu em 19-04-1824, em Missolongui, Grécia. Foi o sexto Lorde Byron.

A vida e obra deste extraordinária poeta britânico tiveram enorme influência sobre inúmeros literatos de todo o mundo. É o grande representante do romantismo. Tomou parte em   importantes movimento políticos de libertação da Itália e Grécia. Entre suas obras, Dom João, A Peregrinação de Childe Harold e Manfredo são consideradas as mais importantes. 

Outras trabalhos: Horas ociosas, A corsário, Lara, O sonho, Prometeu, Escuridão, Mazzepa, A profecia de Dante, Sardanápalo, A ilha, Cain, Beppo, Werner. 

Frases:

- "Quando o homem deixa de criar, deixa de existir".
- "O melhor profeta do futuro é o passado".
- "O ódio é a loucura do coração".

Lord Byron gostava muito de animais, chegando a declarar: “quanto mais conheço os homens, mais quero a meu cachorro”. O nome do seu cachorro era “Boaswain”, o qual gostava tanto que, após a morte do animal, dedicou-lhe os seguintes poemas:

“Aqui repousam
os restos de uma criatura
que foi bela sem vaidade
forte sem insolência
valente sem ferocidade
e teve todas as virtudes do homem
e nenhum dos seus defeitos.”

Recordo de alguns de seus poemas:

A uma taça feita de um crânio humano


Não recues! De mim não foi-se o espirito...
Em mira verás — pobre caveira fria —
Unico craneo, que ao envez dos vivos,
            Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu. Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
— Taça — levar dos deuses a bebida,
            Que o pasto do reptil.

Que este vaso, onde o espirito brilhava,
Vá nos outros o espirito accender.
Ai! Quando um craneo já não tem mais cerebro,
            Podeis de vinho o encher!

Bebe, emquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Póde do abraço te livrar da terra,
E ebria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dôr ahi repousar?
É bom, fugindo á podridão do lodo,
Servir na morte emfim p'ra alguma cousa!...

(Tradução de Lines Inscribed Upon a Cup Formed From a Skull, por Castro Alves)
Bahia, 15 de Dezembro de 1868.

As Trevas

Tive um sonho que em tudo não foi sonho!..

O sol brilhante se apagára; e os astros,
Do eterno espaço na penumbra escura,
Sem raios e sem trilhos, vagueavam.
A terra fria balouçava céga
E tetrica no espaço ermo de lua.
A manhã ia, vinha... e regressava...

Mas não trazia o dia! Os homens pasmos
Esqueciam no horror dessas ruinas
Suas paixões. E as almas conglobadas
Gelavam-se n'um grito de egoismo
Que demandava — luz. Junto ás fogueiras
Abrigavam-se... e os thronos e os palacios.
Os palacios dos reis, o albergue e a choça
Ardiam por fanaes. Tinham nas chammas
As cidades morrido. Em torno ás brazas
Dos seus lares os homens se grupavam,
P'ra a vez extrema se fitarem juntos.
Feliz de quem viria junto ás lavas
Dos volcões sob a tocha alcantilada!

Hórrida esp'rança acalentava o mundo!
As florestas ardiam!... de hora em hora
Cahindo se apagavam; crepitando,
Lascado o tronco desabava em cinzas.
E tudo... tudo as trévas envolviam.
As frontes ao clarão da luz doente
Tinham do inferno o aspecto... quando ás vezes
As faíscas das chammas borrifavam-nas.
Uns, de bruços no chão, tapando os olhos
Choravam. Sobre as mãos cruzadas — outros
Firmando a barba, desvairados riam.
Outros correndo á tôa procuravam
O ardente pasto p'ra funercas pyras.
Inquietos, no esgar do desvario.

Os olhos levantavam p'ra o céo torvo,
Vasto sudario do universo — espectro
E após em terra se atirando em raivas,
Rangendo os dentes, blasphemos, uivavam!

Lugubre grito os passaros selvagens
Soltavam, revoando espavoridos
N'um vôo tonto co'as inuteis azas!
As féras 'stavam mansas e medrosas!
As viboras rojando s'enroscavam
Pelos membros dos homens, sibilantes,
Mas sem veneno... a fome lhes matavam!
E a guerra, que um momento s′extinguira
De novo se fartava. Só com sangue
Comprava-se o alimento, e após á parte
Cada um se sentava taciturno,
P'ra fartar-se nas trévas infinitas!
Já não havia amor!... O mundo inteiro
Era um só pensamento, e o pensamento
Era a morte sem gloria e sem detença!
O estertor da fome apascentava-se
Nas entranhas... Ossada ou carne putrida,
Resupino, insepulto era o cadaver.

Mordiam-se entre si os moribundos:
Mesmo os cães se atiravam sobre os donos,
Todos, excepto um só... que defendia
O cadaver do seu, contra os ataques

Dos passaros, das féras e doa homens,
Até que a fome os extinguisse, ou fossem
Os dentes frouxos saciar algures!
Elle mesmo alimento não buscava...
Mas, gemendo n'um uivo longo e triste.
Morreu lambendo a mão, que inanimada
Já não podia lhe pagar o affecto.

Faminta a multidão morrêra aos poucos.
Escaparam dous homens tão sómente
De uma grande cidade. E se odiavam.
Foi junto dos tições quasi apagados
De um altar, sobre o qual se amontoaram
Sacros objectos p'ra um profano uso,
Que encontraram-se os dous... e, as cinzas mornas
Reunindo nas mãos frias de espectros,
De seus sopros exhaustos ao bafejo
Uma chamma irrisoria produziram!...
Ao clarão que tremia sobre as cinzas
Olharam-se e morreram dando um grito.
Mesmo da propria hediondez morreram,
Desconhecendo aquelle em cuja fronte
Traçara a fome o nome de Duende!

O mundo fez-se um vácuo. A terça esplendida,
Populosa tornou-se n'uma massa
Sem estações, sem arvores, sem herva,
Sem verdura, sem homens e sem vida,
Cahos de morte, inanimada argila!

Calaram-se o oceano, o rio, os lagos!
Nada turbava a solidão profunda!
Os navios no mar apodreciam
Sem marujos! os mastros desabando
Dormiam sobre o abysmo, sem que ao menos
Uma vaga na quéda alevantassem.
Tinham morrido as vagas! e jaziam
As marés no seu tumulo... antes dellas
A lua que as guiava era já morta!
No estagnado céo murchára o vento;
Esvahiram-se as nuvens. E nas trevas
Era só trevas o universo inteiro

(tradução de Darkness, por Castro Alves)
Bahia. 23 de Dezembro.


Fonte Poema: wikisource.org – Obra de Tradução em Domínio Público.
Imagem: Ficheiro:Lord Byron in Albanian dress.jpg [Domínio público], via Wikimedia Commons



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